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Fala, Salvadores!!!! Tudo beleza!?

Nessa semana, vamos falar de um mito de uma das séries mais adoradas dos games, que é Final Fight!!!

Bom, na verdade de uma (ou um) de suas (seus) personagens mais queridos do público: Poison. Afinal de contas: É O Poison ou A Poison? É amigos, vamos pra mais um Derrubando Mitos!!!

Olha nossa grande estrela aí!!!

Em 1989, a Capcom dava vida a um de seus maiores clássicos, que atende pelo nome de Final Fight. O jogo é um dos maiores representantes do gênero Beat’Em Up de todos os tempos. Não é por menos. O game tinha uma pancadaria de muita qualidade e personagens muito carismáticos que ficaram eternizados, isso aconteceu tanto com seus 3 heróis (Guy, Cody e Haggar), como com alguns de seus vilões (Andore, Rolento, Sodom, Abigail). Todos esses personagens citados entre parênteses foram figurinhas presentes em vários outros títulos da Capcom. Entre eles estavam presentes duas mulheres(?), coisa rara de se ver em jogos daquela época, especialmente em jogos de luta. As duas personagens eram Roxy e Poison, que tiveram seus nomes inspirados nas bandas Roxette e Poison, grandes representantes da música nos anos 80.

Curiosidade: Pouco tempo depois, em 1991, nascia outro monstro sagrado dos Beat’Em Ups: Streets of Rage, que também trouxe uma dupla de mulheres em sua galeria de vilões, Mona e Lisa. Influência de Final Fight ou mera coincidência?

Poison, personagem com uma das origens mais controversas dos games

Uma das queridinhas dos otakus e cosplayers (tem toneladas delas pela net), Poison foi desenhada por Akira Yasuda, e fazia parceria com Roxy, compartilhavam os mesmos sprites, com a tática da palette swap, troca de cores. As duas também compartilham a origem, crescendo juntas em um orfanato e depois entrando para a gangue Mad Gear.

Poison e Roxy em ação contra Cody, no primeiro Final Fight

Mas Poison, em algum momento, passou a ser frequentemente citada como transexual ou transgênero. Mas como assim, Saves Infinitos!? Vamos tentar te explicar, queridos seguidores…

Na arte conceitual de Poison e Roxy em Final Fight, há uma legenda ニューハーフ (Newhalf). O termo em inglês significa literalmente “nova metade”, que seria um homem ou uma mulher trans, no caso meio-masculino ou meio-feminina, alguém não-operado, que pode se identificar como de outro gênero. Um ponto interessante para esta discussão é que Roxy tem menos energia que Poison, reforçando teoria da masculinidade desta última.

Mas, segundo Akira Yasuda, o designer das personagens, conta no livro “All About Capcom Head to Head Fighting Games”, de 1993, Roxy e Poison foram concebidas mulheres. Ou seja, quando Yasuda as desenhou, tinha o sexo feminino em mente. Nada de trans ou newhalf. Porém, eram anos 90. Duas mulheres trocando sopapos com marmanjos!? No Japão, seria algo mais natural, mas isso poderia não ser bem visto no ocidente. A solução!? Uma mudança: o “newhalf” que aparece na arte conceitual de Poison e Roxy.

Arte do manual do game, com o termo newhalf entre as lutadoras

Na arte, as duas levaram a legenda “ニューハーフ” (são os caracteres no meio da ilustração acima, na parte inferior) – repare que ela está entre as duas, mais pro lado da Roxy, inclusive — indicando que ambas seriam transgênero e não só Poison.

Isso aconteceu antes do jogo ser lançado. Esse tipo de artes não costumava ser apresentado ao público, e não havia descrição da sexualidade de Roxy ou Poison. O público japonês jogou Final Fight vendo duas moças porradeiras, e fim. A Capcom não se explicou sobre o “newhalf” do conceito, porque não precisou. Nos Estados Unidos, a mesma coisa, as duas ainda estavam lá. Mas no SNES…

“Bater em mulheres era considerado rude”, lembrou Yasuda. Para evitar críticas ou processos de grupos feministas ou pais vendo mulheres apanhando em um game, classificaram as duas como transgênero (bater em mulher não, mas em um trans “Ah, aí tudo bem!”). Assim, no manual japonês de Final Fight para SNES, Poison foi pela primeira vez publicamente exposta como ニューハーフ, tal como na arte conceitual do arcade. De acordo com a tradução da socióloga Yuko Fujimo, do livro “Rated M for Mature: Sex and Sexuality in Video Games” (publicado em 2005), o perfil de Poison diz:

“Poison cresceu num orfanato em Los Angeles. Poison pensa que ele (?) não pode parar de lutar, mesmo sendo bonito. Batata frita é a comida favorita de Poison.”

A esquerda no Arcade, de shortinho. A direita, mais comportada no Sega CD

Os trajes de Poison e Roxy eram mais reveladores. Na versão japonesa do SNES e no Sega CD, o shortinho e top deram lugar a um calção e camiseta, classificadas como trans. Mas no lançamento da versão americana do Super Nintendo, nada disso adiantou: as duas foram cortadas, sendo substituídas por dois homens: Billy e Sid. A violência contra as moças, e talvez seus trajes sexys, foram responsáveis por esse corte. O público ocidental não tinha muita tolerância com tal conteúdo.

Poison e Roxy no SNES? Negativo, agora são Billy e Sid.

Resolvida esta questão, as duas não apareceram mais até 1999, quando Poison volta a dar as caras em um jogo da Capcom (Final Fight Revenge, para Arcade e Sega Saturn) e como personagem jogável pela primeira vez, mais sexy do que nunca – e apaixonada por Cody.

Ao terminar o game, temos o final de Poison, que diz o seguinte:

Belger を倒し、その罪を恋人になすりつけた恐ろしき安。
しかしなぜか心には引っかかる何かが…
Belger morreu, e os crimes colocados sobre o amante.
Mas de alguma forma, há algo em seu coração…

“ロほどにもない腰技け野郎だな。”
Edi.E の嘲笑も彼女の耳には入らない。
“Sua técnica é muito ruim.”
A chacota de Edi E. não entra em seus ouvidos.

…数日後、獄中のCodyを訪れる。
Alguns dias depois, visitei Cody na prisão…

“あたし、あんたのこんな姿なんて見たくなった。惨めにも程があるわね。”
“Eu, queria ver você. Há tanta infelicidade.”

“Jessica…” Codyの呟きにも決して動じない
…はずだった。
“Jessica…” Cody murmura imóvel.
Ele nunca vai amar ninguém como Jéssica. E se…

しかし目の裏にこみ上げてくるものを感じたその時、彼女は使へのまだ熱い想いと自分の愚かさに気づくのである。
Mas ao sentir os olhos se enchendo de lágrimas, ela percebe que continua apaixonada e é estupidez.

O “e se”na penúltima frase, poderia ser o momento em que Poison resolve operar, mas note também que o pronome nesta última frase é feminino. Confusão instaurada.

E a Roxy?

Roxy voltou em Street Fighter V, mas sem ser jogável

Na coletânea Capcom Classics Collection, para PS2, Roxy é descrita pela Capcom como mulher. A descrição de Poison, diz o seguinte: “Poison cresceu num orfanato de Los Angeles. Embora seja um cara, ele prefere vestir roupas de mulher. Ele, errr… Ela sente até que lutar é a melhor forma de ficar em forma e manter sua aparência.”

Já a de Roxy…

“Roxy cresceu no mesmo orfanato que Poison, em Los Angeles. Ela sempre a admirou, embora não curta tanto a coisa do transformismo (cross-dressing).”
E se lembrarmos da arte conceitual onde as duas são definidas como Newhalf, como agora Roxy é mulher e Poison não?

E a confusão continua!!!

Em 2011, Street Fighter x Tekken teve uma versão de testes que rodou as feiras de games daquele ano mundo afora, e nelas haviam frases de vitória de Ryu e Chun-Li contra Poison que foram consideradas transfóbicas. A Capcom as refez com ajuda da ONG americana GLAAD. A partir dali, sempre que foi questionado, Yoshinori Ono passou a defender uma posição neutra da Capcom. Ao invés de por um ponto final, mudou o discurso. Poison não era mais uma trans operada aqui ou travesti acolá. É o que você podemos ver, em seu anúncio de inclusão da personagem no crossover:

“A posição oficial da Capcom foi e continua sendo que não temos posição oficial. É para ser um mistério; se as pessoas quiserem discutir em fóruns ou onde bem quiserem, tudo bem, mas não daremos resposta definitiva porque ela não existe. Queremos deliberadamente fazer disso um mistério.” Detalhe é que Ono disse isso com um grupo de cosplayers da lutadora, incluindo uns caras… E ele mesmo travestido como Poison.

Uma daquelas coisas que ninguém (ou todo mundo) queria ver…

Christian Svensson, da Capcom, no mesmo ano disse que o gênero de Poison é propositalmente ambíguo. Ono descreveu as visões pessoais sobre Poison como similares ao “teste de Rorschach”:

“Se você entrar nisso com a noção pré-concebida de que ela é mulher, no jeito dela andar, de se mover, verá tudo muito feminino. Se pensar ao contrário, suas ações e maneirismos parecerão de outro jeito. Então, é algo muito aberto.”

Resumindo: fizeram uma bagunça com a origem da personagem, não se retrataram e para piorar, deram uma bela escorregada no assunto, deixando-o mais aberto do que nunca.

Em 2014, no final de Poison em Ultra Street Fighter IV, ela aparece na capa de uma revista similar à Rolling Stone. A manchete dela está escrito: “Rei ou Rainha?”, reforçando a tese do mistério proposital que a Capcom disseminou em 2011.

Afinal de contas, qual é a dele ou dela?

Veredito oficial?

Não tem!!!

Graças a Capcom, que com toda essa confusão que ela própria armou, mantém o mistério até hoje. Opinião de quem vos escreve? Poison é mulher: ela e Roxy foram concebidas mulheres, mas para evitar processos, a Capcom inventou a história de trans para aceitação do jogo no ocidente, já que isso não influiria em nada a história do jogo e a empresa escaparia de muitos problemas. Após elas caírem no esquecimento, Poison voltou para alegria dos fãs da comunidade LGBT (por ter uma representante do gênero) e para os taradinhos que fantasiavam com a personagem (e não foram poucos! rsrs). A Capcom, para não desiludir nem desagradar nenhum dos lados, criou esse mistério, que tem grande potencial para nunca ser revelado por ela ser umas das personagens mais queridas de Final Fight e recentemente, Street Fighter. Fim.

Poison em Street Fighter V

E aí, seguidores? Gostaram da nossa matéria? Concordam com a gente? O que vocês gostariam que ela fosse? Deixem seus comentários pra gente!!!




2 Replies to “Derrubando Mitos: o gênero de Poison”

    1. O texto se refere a gênero BIOLÓGICO, portanto, o único ignorante e que precisa estudar é você. E da próxima vez que for comentar em um site, respeite as regras de educação, que não precisa estudar, se aprende em casa. Tenha um bom dia.

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