Fala, galera do Saves Infinitos!!!! Tudo tranquilo???
Chegamos a parte final da nossa minissérie “História dos Arcades”.
Anteriormente, falamos sobre a origem dos arcades, sua era de ouro, seu quase fim e vamos encerrar nossa matéria sobre essa linda história agora!!! Curta a última parte dessa viagem!!!
Os games Beat’Em Up e Hack’n Slash
Estes games foram cruciais para a sobrevivência dos arcades no período do “Grande Crash” da história dos games (1983-1985). Em meio a tímidos lançamentos, em 1984 começava a história do gênero que consistia em andar linearmente espancando adversários até chegar ao chefe de fase. O início se deu com Spartan X, lançado no Japão pela Irem. Você, gamer ocidental conhece este título como Kung Fu Master, rebatizado e publicado pela Data East), um jogo inspirado em um filme de Jackie Chan originalmente chamado Wheels on Meals (Detonando em Barcelona). O jogo também tem elementos do filme Game of Death (Jogo da Morte) de Bruce Lee, já que se concentra no jogador lutando para subir um “Templo do Diabo” de cinco andares, permitindo aos jogadores socar, chutar, pular e se agachar. Cada estágio tinha um cronômetro e o jogador tinha que completar o nível antes que ele acabasse, um elemento de jogabilidade muito comum em outros jogos Beat’Em Up a seguir. Ao contrário de seus sucessores, Kung Fu Master apresentava um protagonista movendo-se do lado direito para a esquerda da tela, lutando contra os inimigos ao longo do caminho. Isso vai de contraste com a abordagem costumeira da esquerda para a direita da maioria dos jogos beat’em up.
Em 1986, a Technos Japan lançou o Nekketsu Koha Kunio-kun, que seria renomeado como Renegade nos EUA (onde foi publicado pela Taito). Este jogo adicionou alguns novos elementos ao gênero beat’em up, como uma perspectiva que permite o movimento em 4 direções, inimigos mais difíceis e um ambiente urbano. A série Kunio iria produzir outros jogos influentes no gênero beat’em up, como Downtown Nekketsu Monogatari (River City Ransom), que introduziu elementos de rpg ao gênero, e sucessor espiritual da série Kunio, Double Dragon, lançado em 1987 trazendo a história dos irmãos Lee (Billy e Jimmy) e que se tornou um grande sucesso, abrindo de vez o caminho para os games desse gênero tão amado pelos gamers.
O gênero Hack’n Slash (basicamente um Beat’em up com espadas, machados e outros afins) começou nos RPGs de tabuleiro, e teve em Prince of Persia e Golden Axe (ambos lançados em 1989) dois de seus primeiros e mais emblemáticos jogos do seguimento. Nesse mesmo ano, a Capcom entrou de vez na brincadeira e trouxe ao mundo Final Fight, consolidando de vez o gênero na aventura de Guy, Cody e Haggar pelas ruas de Metro City. Em seguida, ainda vieram Captain Commando (1991) e Cadillacs and Dinosaurs (1993).
Toneladas de títulos deste gênero foram lançados, e pode-se dizer que esse fato ajudou demais a segurar a onda dos arcades no período pós-Crash.
Nos outros segmentos durante esse período, tivemos muitos lançamentos tímidos, mas sempre apareceu um game que mereceu destaque. O Saves Infinitos traz abaixo, um resumo do que teve mais relevância nesse período:
1985:
- Gradius (Nemesis em alguns países) é lançado pela Konami;
- Space Harrier é lançado pela Sega;
- A Copa do Mundo de Tehkan, o pai dos jogos de futebol com uma visão superior do campo, é lançada pela Tehkan;
- The Empire Strikes Back é lançado e se tornou o último grande jogo de arcade baseado em vetores da Atari;
- Paperboy também foi lançado pela Atari Games.
1986:
- Taito lança Bubble Bobble;
- Chiller, da Exidy é lançado;
- Top Gunner, também da Exidy é lançado e é o último arcade a usar gráficos baseados em vetor (wireframe);
- Turbo Kourier é lançado pelo Vivid Group e é o primeiro videogame de realidade virtual operado por moedas a usar gráficos 3D poligonais.
1987:
- Capcom lança o primeiro Street Fighter .
1988:
- NARC, da Williams é lançado e é o primeiro jogo lançado comercialmente a usar um processador de 32 bits;
- Namco lança Assault, que foi o primeiro jogo a fazer uso de rotação massiva de sprites, bem como escalonamento de sprites. Ela também lançou o Splatterhouse, que foi o primeiro jogo a obter uma isenção de responsabilidade dos pais;
- A Namco apresenta o Namco System 21 “Polygonizer”, a primeira placa de sistema de arcade projetada para gráficos poligonais 3D. O primeiro jogo a usá-lo é Winning Run, videogame de corrida;
- Top Landing, da Taito é lançado e é a primeira simulação de vôo operada por moedas a usar gráficos de polígonos 3D e rodar na placa do sistema aéreo da Taito;
- Tetris deu o salto de casa para o fliperama como um Atari operado por moedas.
1989:
- Exterminator, da Gottlieb é lançado e é o primeiro videogame a usar gráficos totalmente digitalizados em todos os elementos do jogo. Este foi o último videogame da Gottlieb;
- S.T.U.N. Runner é lançado pela Atari Games e é conhecido pelo uso precoce de gráficos poligonais 3-D de alta velocidade.
1990:
- Pit-Fighter é lançado pela Atari Games e é o primeiro jogo de luta a usar gráficos totalmente digitalizados;
- NAM-1975 é lançado pela SNK e é o primeiro jogo rodando em um hardware Neo Geo (MVS) e se tornou a plataforma de arcade padronizada ao longo dos anos 90, até o início dos anos 2000. Muitos jogos de luta 2D como Fatal Fury, World Heroes e Samurai Showdown rodavam com esse hardware e eram muito populares nos fliperamas de sua época. Falando em Fighting Games, vamos falar deles, porque assim como os Beat’Em Ups, tiveram vital importância na vida dos arcades.
Fighting Games
O primeiro videogame apresentando fliperamas de combate corpo a corpo surgiu em 1976: o simulador de boxe da Sega Heavyweight Champ, estrelado por dois robustos pugilistas monocromáticos em cuecas listradas. Os jogadores controlaram a ação colocando as mãos em luvas de boxe de plástico e fazendo movimentos de golpes.
Mas foi só em 1984 que conhecemos o verdadeiro pai dos jogos de luta: O sucesso japonês Karate Champ, que colocou dois lutadores um contra o outro em um torneio tradicional de caratê. Os controles de joystick duplo forneciam uma variedade de chutes e socos, e o jogo introduzia várias convenções familiares, incluindo lutas de três rounds e um cronômetro. Havia também rodadas de bônus, incluindo uma em que você tinha que socar um touro na cara. Isso era aceitável nos anos 80 (ahhhhh, bons tempos…).
Chegando um ano depois, Yie Ar Kung-Fu da Konami enfrentou jogadores contra uma série de diversos inimigos controlados por computador, cada um com suas próprias armas, incluindo estrelas ninja, correntes e matracas, introduzindo assim a idéia de competidores com habilidades diferentes. Foi também o primeiro jogo a empregar barras de energia. Se tornou um dos jogos de maior sucesso de meados dos anos 80.
Em 1987, a Capcom trouxe um jogo que não teve destaque na sua época, mas trouxe um sistema de controle que envolve um joystick e dois botões hidráulicos, que ao pressionar permite o personagem chutar ou dar um soco, em três níveis variados (fraco, médio ou forte). Muitas destas máquinas, por causa da tendência dos jogadores a bater os botões com muita força e danificar os controles, voltaram a usar botões mais tradicionais, dando lugar a joysticks com seis botões que seria o padrão de todos da série. Além disso, introduziu movimentos especiais como o Hadouken, Shoryuken e Tatsumaki Senpuu Kyaku entre outros que ainda dariam muito o que falar. O nome do jogo? Street Fighter.
Mas aí veio 1991. E com ele, Street Fighter II, o jogo de luta mais importante já feito. O salto de qualidade em relação a primeira versão é nítido. Aliás, o salto de qualidade em relação a qualquer outra coisa lançada anteriormente. Gráficos lindíssimos, músicas que grudaram na mente de uma geração já seriam suficientes para ser um marco. Mas Street Fighter II, além disso, reuniu uma lista internacional de lutadores – do mestre de caratê japonês Ryu ao yogue Dhalsim – e deu a eles todos os seus próprios estilos de luta e movimentos especiais, acessados por meio de botões pressionados e rotações do joystick. Tudo isso possibilitado pelo poder da placa CP System (CPS1). Convertido para o Super Nintendo Entertainment System um ano depois, o jogo vendeu mais de 6 milhões de cópias, garantindo que o golpe patenteado de Ryu, “Hadouken”, ressoasse ao redor do mundo. Street Fighter se estabelecia como referência para toda uma geração. Tamanha inovação inspirou uma quantidade imensa de desenvolvedores, que voltavam sua atenção aos arcades, dando um segundo sopro de vida aos mesmos.
No mesmo ano, a SNK com seu então poderosíssimo hardware MVS (Multi Video System), com efeitos gráficos e sonoros muito a frente com tudo que havia até então, nos brindava com Fatal Fury e a vingança de Terry, Andy e Joe contra o icônico vilão Geese Howard. Além disso, foi o game que deu origem a batalha em dois planos diferentes. Nesse sistema, você apertava um botão para mudar de plano, se esquivando de alguns ataques e esse mesmo botão (já estando em um plano diferente) para atacar de surpresa seu oponente. No ano seguinte, chegou Art of Fighting, que não alcançou o sucesso de seus antecessores de gênero, mas o suficiente para render duas continuações, possuía personagens legais (foi a origem de Ryo Sakazaki e Robert Garcia), além de ter sua relevância para a história dos jogos de luta por ser o primeiro a trazer uma barra de espírito (para golpes especiais), zoom de câmeras, conforme os personagens se aproximam e afastam um do outro e os Super Desesperation Moves, ou DMs, golpes com dano destruidor, que poderia mudar totalmente o rumo da batalha. Também em 1992, a empresa lançou World Heroes, em parceria com a ADK, que conseguiu relativo sucesso. E ainda viria muito mais…
Em 1992, chegou o ultraviolento festival de sangue da Midway, Mortal Kombat. Com gráficos digitalizados baseados em imagens de atores da vida real, assim como Pit Fighter, mas com uma qualidade gráfica maior. Como Street Fighter, ele apresentava uma diversidade de personagens e ataques especiais, mas os designers Ed Boon e John Tobias ainda adicionaram o “Fatality”, que permite um golpe devastador no oponente após a vitória no último round. Assim nascia mais um clássico neste gênero.
Em 1993, a SNK lançava Samurai Showdown, que foi o primeiro título do gênero a tematizar a época do Japão feudal e a trazer armas brancas a seus personagens, que caíam caso sofressem dano e os deixavam bastante vulneráveis. Outro estrondoso sucesso da gigante chinesa que rende continuações até os dias de hoje. A Sega também resolveu entrar na brincadeira dos jogos de luta e deu vida a Virtua Fighter, que foi um dos primeiros jogos poligonais e o primeiro jogo de luta 3D. Pegando carona no conceito 3D de Virtua Fighter, Tekken foi lançado pela Namco em 1994, trazendo 4 botões de ação, um correspondente a cada membro do lutador, criando ataques especiais com combinações de botões, ao invés de movimentos com a alavanca.
Também nesse ano, a Rare (a mesma produtora de Donkey Kong Country para SNES) lançou Killer Instinct, o primeiro jogo de arcade com disco rígido. Até então, o jogo com os gráficos da mais alta qualidade pré-renderizados por um programa de renderização, apresentando o uso da mais alta qualidade disponível na época.
Ainda em 1994, a SNK inovaria com um jogo que adotou um sistema de batalha em trios, algo inédito na história dos games. Trouxe também a inédita esquiva combinando os botões A e B e outros elementos característicos da série Art of Fighting. O nome desse jogo? The King of Fighters 94, que trazia também, personagens de várias franquias da SNK, além de outros exclusivos, interligados por um enredo original. Sucesso absoluto e mais um clássico que rendeu diversas continuações para deleite de nós, gamers…
De Volta a Linha do Tempo
Depois do efeito pós-Street Fighter que trouxe outras toneladas de games inovadores e divertidos no gênero de luta, os outros gêneros também respiraram por mais alguns anos. Em 1996, a SNK lança Metal Slug, um jogo de tiro em plataforma amplamente conhecido por seu senso de humor, animação fluida desenhada à mão e ação rápida para um ou dois jogadores. Mas nesse mesmo ano, os consoles caseiros e os computadores já tinham hardware superior aos arcades em alguns casos.
Dois anos depois, a Konami lança Dance Dance Revolution, um jogo de arcade com quatro setas que os jogadores usam para “dançar”. Este jogo criaria muitas sequências e spin-offs. No mesmo ano, Gauntlet Legends é lançado pela Atari Games e é o primeiro jogo da série Gauntlet a ser produzido em 3D e o último jogo Gauntlet lançado pela Atari Games. Veio 1999, e Rush 2049 é lançado, o último jogo de arcade a ter o logotipo da Atari Games. A Atari Games em Milpitas foi renomeada para Midway Games West e encerrou sua divisão de arcades.
No mesmo ano, Hydro Thunder é lançado pela Midway Games. É um jogo de corrida de lancha 3D e foi um dos primeiros a rodar no hardware QuickSilver II, uma configuração de hardware baseada no Windows de custo baixo de produção. O jogo foi um dos jogos de arcade de maior sucesso da Midway Games até o momento. Derby Owners Club, que foi a primeira máquina de fliperama via satélite em grande escala com smartcards, que se tornou um figurinha carimbada nos centros de jogos japoneses desde então.
Em 2000, Marvel vs. Capcom 2: New Age of Heroes é lançado pela Capcom na placa NAOMI da Sega (a mesma do Dreamcast). Este jogo combina sprites de personagens 2D, arenas de fundo e efeitos especiais baseados em polígonos 3D.Tekken 4 foi lançado em 2001, o primeiro jogo com diálogos a apresentar quase todos os personagens conversando entre si. Também em 2000, a Sega lança Virtua Fighter 4, o primeiro jogo de arcade com recursos online no Japão.
Arctic Thunder: Special Edition foi lançado em 2002, é o último jogo arcade da Midway Games e roda em um hardware Midway Graphite baseado em PC. Sua divisão de arcade foi encerrada logo depois. A Sega lançou o World Club Champion Football, que introduziu cartões colecionáveis, que se tornaram febre nos centros de jogos japoneses. Depois disso, os arcades sobreviveram com algumas continuações das séries já consagradas e raríssimos lançamentos, enquanto os consoles caseiros e PCs, que já possuíam placas de vídeo 3D, ficavam cada vez mais potentes. Quando os jogos online começaram a se tornar febre, praticamente decretaram o fim da era dos arcades. A jogatina online era mais segura, mais confortável para a geração atual do que as disputas ombro a ombro tão adoradas pela galera que usufruiu desta época de ouro, entre o final da década de 70 e início dos anos 2000. Esses fatores praticamente extinguiram os arcades, que hoje praticamente vivem de casas de jogos de shopping centers, algumas máquinas aleatórias em bares, que emulam vários desses clássicos antigos, ou em casas de festas para servir de diversão aos convidados. Para quem não conhece, e tiver a oportunidade de jogar para matar a curiosidade, não vai se arrepender. Ainda existem os emuladores, que podem ser encontrados via mecanismo de busca na internet e toneladas de Roms para que você descubra ainda mais sobre esse maravilhoso universo dos arcades, ou se preferir, fliperamas…
E aí, caro(a) salvador(a)? Gostou da nossa série? Preparamos tudo com muito carinho pra você!!!
Tem alguma história legal com algum game da nossa série ou outro que não foi citado aqui?
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