Fala galera do Saves Infinitos!!! Belezinha???
Continuando a render homenagens ao lendário Street Fighter II, o nosso “No meu tempo era assim…” vem relatar um pouco do impacto que o game causou no início da década de 90, quando foi lançado. Vem com a gente para mais essa viagem!!!
Peço licença aos seguidores para começar esse quadro com o meu primeiro encontro com o jogo, que mudou a minha vida pra sempre. Era por volta de abril de 1992, eu tinha 11 anos e estava saindo da escola indo para casa e um grande amigo meu, que morava há uns 20 minutos do lado oposto de onde eu morava, me chamou, dizendo que iria para os lados da minha casa. Eu perguntei a ele o porquê dele estar indo para um caminho totalmente diferente e ele me disse que iria jogar um game muito fera, que tinha acabado de chegar no Brasil, num barzinho no fim da minha rua. Fiquei curioso em conhecer esse jogo que estava fazendo o meu amigo ir para tão longe jogá-lo e acabei indo com ele.
Quando chegamos lá, tinha uns dez moleques amontoados para ver o jogo (sem exagero). Arrumei um cantinho para observar e logo de cara, vi uma cena que me impactou bastante: uma chinesinha lutando contra um monstro verde, num cenário que remetia a floresta amazônica! Uma mulher em um jogo de luta! Incrível(e inédito!). Depois, a vi enfrentando um grandalhão cheio de cicatrizes, um indiano que esticava seus braços e pernas para pular, um soldado de cabelo espetado que soltava uma magia, um boxeador e finalmente ser derrotada por um toureiro que usava uma garra.
Você provavelmente já percebeu que a mulher era a Chun Li, o monstro verde era o Blanka e na sequência, Zangief, Dhalsim, Guile, Balrog e, finalmente, Vega, e o jogo era Street Fighter II – The World Warriors. Fiquei encantado com o que tinha visto e ainda assisti mais umas três fichas. Conheci naquele dia quase todos os personagens, só faltaram Sagat e Bison. Posteriormente fui para casa, após uma hora e contra a minha vontade, mas temendo uma bronca por me atrasar para o almoço. E a vez do meu amigo ainda nem tinha chegado…
No dia seguinte, ao sair da escola, tinha um barzinho no caminho que estava com um monte de gente em volta do fliperama. Dessa vez, nem precisei ver para reconhecer o Sonic Boom (ou Alex Fu) do Guile já me era familiar. Mais umas três fichas como espectador e fui premiado ao ver os dois personagens que faltavam e vi o final da Chun Li. Quem zerou? Meu amigo, que assim que bateu o sinal correu para o fliperama…
Perguntei para o dono do bar se tinha algum horário em que o fliperama estava mais vazio e ele me disse que por volta das 14:00, 14:30 estava mais tranquilo. Eu tinha que jogar aquele jogo: retornei no horário informado e só tinham 3 caras na minha frente. Enquanto esperava a vez, olhei na parte de cima da máquina para ver os golpes dos lutadores para decidir com quem eu iria jogar. Como não entendia nada de meia lua para frente, ou baixo, diagonal inferior direita e frente, optei pelo Blanka pela simplicidade para executar os golpes. Perdi logo de cara, mas antes de ir, ainda assisti a molecada jogando até umas 16h. O jogo já tinha me fisgado por completo e eu nem tinha percebido o quanto. Muitas outras fichas foram colocadas, aprendi os Hadoukens e Shoryukens da vida e, após um tempo, sem eu perceber, já era “Rei do Street Fighter” onde eu morava. Fim do flashback (Putz, acho que falei demais…)
Assim como eu, muitos adolescentes, jovens e até alguns adultos foram se apaixonando pelo jogo. Praticamente em cada esquina tinha um bar, padaria ou fliperama com Street Fighter. As locadoras estavam lotadas. Era estranho (quase impossível) ver um estabelecimento desses que não tivesse o jogo. Os fliperamas tinham 3, 4 máquinas de Street Fighter II e todas elas lotadas facilmente. Isso acirrou demais os contras (x1 de hoje), porque era tão viciante que tinha gente que não queria nem esperar e colocava a ficha para saciar sua vontade de jogar. O ombro a ombro nos fliperamas, se não foi criado, teve seu auge com o game da Capcom. Street Fighter II era o fenômeno dos fliperamas e consoles (foi o quinto jogo mais vendido da história do Super Nintendo) e não tinha concorrência quando chegou, reinando absoluto por um bom tempo. Assunto obrigatório em todas as revistas de games, todos queriam aprender os golpes e aprender a se dar bem no jogo. Fora os outros produtos que foram comercializados usando a marca Street Fighter. Falamos um pouco disso no Review do jogo, que você confere aqui: http://sopreafita.com.br/reviver-games-antigos-street-fighter-ii-the-world-warrior/
Quando a febre ameaçou passar, com o jogo não sendo tão novidade assim e com a chegada de Mortal Kombat (enfim, uma concorrência a altura), a Capcom lançou a segunda versão do jogo, Street Fighter II – Champion Edition, onde os quatro últimos chefes do jogo poderiam ser controlados e agora existia a possibilidade de se jogar contra o mesmo personagem, contra a CPU ou no modo Versus. Renovação para uma série que estava no auge e pretendia se manter lá. E conseguiu.
Com todo esse sucesso, o game chamou a atenção de programadores que alteraram o código fonte do jogo para inventar recursos impensáveis, como hadoukens e Sonic Booms que quicavam na tela, Spinning Lariats que faziam Zangief subir até sumir na tela, Piledrivers executados sem o personagem sequer aparecer na tela de jogos, dava para encher a tela de Tiger Shots, super lentos, trocar de personagem apertando start e etc. Tudo isso numa velocidade absurda. No mundo inteiro ela fez sucesso e aqui no Brasil, batizado com “Street Fighter de Rodoviária”. A resposta da Capcom? O lançamento de Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting. Não tão absurdo quanto a versão hackeada, mas com uma velocidade maior e alguns golpes novos, como o teleporte de Dhalsim e o Kikoken de Chun Li. Foi a despedida da série da placa CPS1.
Veio a migração para a placa CPS 2, a evolução da placa anterior com gráficos 2D ainda melhores, um chip de som que usava o recurso QSound que somava a saída de áudios para dois canais e um paleta de cores que possibilitava os cenários mais detalhados do que nunca. E, para mostrar todo o poderio da placa nova, a Capcom escolheu seu campeão de vendas e, em setembro de 1993, Super Street Fighter II – The New Challengers foi lançado, trazendo gráficos, sons, 8 cores diferentes para cada personagem, o sistema de combos foi oficializado e quatro novos lutadores foram acrescentados a série: Cammy, Fei Long, Thunder Hawk e Dee Jay. Os quatro reis da Shadaloo, que compartilhavam o mesmo final na versão Champion Edition, agora tinham seus próprios desfechos ao terminar o jogo e Chun Li tinha duas possibilidades de final, cabendo ao jogador escolher seu futuro.
A série se renovava mais uma vez, num momento bem oportuno, pois a concorrência chegava cada vez mais forte: Mortal Kombat, Fatal Fury, Art of Fighting e Samurai Shodown caiam no gosto da galera.
Veio 1994 e, com ele, a última versão de Street Fighter II, Super Street Fighter II Turbo, para atender os anseios dos jogadores com relação a velocidade de Hyper Fighting, ausente na versão anterior. E, junto com ela, outra novidade: os Super Combos, que podiam ser executados com a sua barra cheia, após desferir golpes no oponente.
Mas a principal novidade nesta versão, talvez tenha sido uma das maiores de toda a série. Um personagem secreto: Akuma!
Para enfrentá-lo, você tinha três maneiras de conseguir:
1- Chegar até M. Bison sem perder rounds em um tempo menor do que 1500 segundos;
2- Chegar até M. Bison sem perder rounds;
3- Vencer 12 jogadores no versus de forma consecutiva e apertando qualquer botão de ataque durante a contagem de continue do seu oponente, assim que a contagem atinja dois ou um para acabar.
Se alguma dessas condições fosse cumprida, Akuma aparecia no cenário de M. Bison, atacando-o e assumindo seu lugar como chefe final do jogo.
O lutador causou um baita furor entre os gamers, que queriam jogar com ele e depois de alguns meses o macete para liberá-lo foi divulgado e a festa estava garantida!!!
A Capcom, após 3 anos de Street Fighter II, finalmente encerrava o jogo que marcou toda uma geração, definiu os padrões dos Fighting Games e continua atual até hoje, 30 anos após seu lançamento. Naquele tempo, os jogadores e toda a mídia especializada em games pediam por uma continuação. Porém, a Capcom não tinha pressa, pois com a tecnologia 3D despontando nos arcades, ela não sabia que rumo a indústria de games tomaria e esperava um cenário mais maduro nesse sentido para lançar a continuação de sua obra prima. Outros jogos de sucesso estavam sendo desenvolvidos pela softhouse, diminuindo ainda mais o ímpeto em lançar uma sequência.
Naquele mesmo ano, a SNK chegava pegando pesado com o incrível The King of Fighters ’94 e o reinado da Capcom não era mais tão absoluto…
Então, em 1995, ela resolveu contar o que aconteceu entre o primeiro jogo, lançado em 1987 e seu carro chefe, que teve sua primeira versão em 1991. Mas isso é uma outra história…
A história de Street Fighter II já tinha sido contada em cinco versões diferentes, ganhou uma última(?) em 2017 (Ultra Street Fighter II, para Nintendo Switch) e segue sendo contada pelos sites, revistas e rodas de gamers até hoje e não parece ter fim…
E aí seguidor? Você é da época dos arcades? Sabia de todo o furor que ele causou? Também foi “fisgado” por esse jogo? Conta a sua história pra gente nos comentários e vida longa a Street Fighter!!!